O manejo de florestas naturais e o setor madeireiro da Amazônia brasileira: situação atual e perspectivas

O setor madeireiro da Amazônia enfrenta um cenário de declínio, com a produção anual de madeira em toras caindo de 28 milhões de metros cúbicos na década de 1990 para apenas 10-12 milhões na última década. Apenas 8%-9% dessa madeira provém de manejo responsável, enquanto práticas predatórias e ilegais continuam predominando. O novo estudo do projeto Amazônia 2030 ressalta a urgência de expandir o manejo florestal, combater fraudes no setor e investir em inovação tecnológica para alinhar a exploração madeireira às demandas de uma bioeconomia sustentável.

O relatório “O manejo de florestas naturais e o setor madeireiro da Amazônia brasileira: situação atual e perspectivas”, liderado por Marco W. Lentini (Instituto Floresta Tropical) e Maryane B. T. Andrade (IMAFLORA), explora os desafios enfrentados pelo setor e apresenta recomendações para transformá-lo em um pilar sustentável da economia amazônica.

Principais desafios e descobertas

O estudo revela que o setor, historicamente vinculado à expansão desordenada de fronteiras de desmatamento, sofre com:

  • A predominância de exploração ilegal, facilitada por fraudes documentais;
  • Baixa adoção de práticas de manejo florestal, com apenas 9% da produção originada de florestas manejadas;
  • Uso restrito a 20 espécies madeireiras, limitando o valor agregado e a diversificação dos produtos;
  • Estagnação tecnológica, que impede a competitividade em mercados especializados.


Recomendações para transformação

O relatório propõe ações estratégicas para reverter o declínio do setor e promover seu alinhamento com uma bioeconomia sustentável:

  • Expansão do manejo florestal: Aumentar a área manejada de 3 milhões para 25 milhões de hectares por meio de concessões públicas e iniciativas comunitárias.
  • Combate à ilegalidade: Utilizar inteligência artificial para identificar fraudes e fortalecer a rastreabilidade da madeira.
  • Diversificação e inovação: Ampliar o uso de espécies madeireiras e atrair investimentos em tecnologia para modernizar a produção.
  • Fomento ao consumo responsável: Priorizar a compra de madeira certificada em políticas públicas e privadas.
  • Restauração e sustentabilidade: Integrar o manejo florestal a esquemas de pagamento por serviços ecossistêmicos, como REDD+.


Caminho para a bioeconomia amazônica


Com investimentos adequados e políticas públicas robustas, o setor madeireiro pode se tornar um motor estratégico para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A madeira, especialmente quando produzida de forma responsável, desponta como uma alternativa sustentável e de baixo impacto para atender às demandas de construção civil e outros mercados globais.