A segunda edição do Índice de Progresso Social, de todos os 5.570 municípios brasileiros com base em 57 indicadores sociais e ambientais. O relatório mostra que apesar de avanços graduais, os desafios para garantir qualidade de vida à população brasileira permanecem grandes e desiguais no país.
O IPS também avalia o desempenho médio dos estados brasileiros. São Paulo, Santa Catarina e Paraná foram os mais bem colocados. Na outra ponta, Pará, Maranhão e Amapá apresentaram os piores resultados, evidenciando as desigualdades estruturais e históricas da Amazônia Legal.
De modo geral, as capitais brasileiras apresentaram desempenho relativamente melhor no IPS, representado pelos tons de azul no mapa, com exceção de Maceió (AL), Porto Velho (RO) e Macapá (AP), que registraram notas mais baixas. Entre as capitais com melhores resultados, destacam-se Curitiba, Campo Grande, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte.
O índice nacional de 2025 aponta uma pontuação média de 61,96 (numa escala de 0 a 100). A melhor avaliação ficou com a dimensão Necessidades Humanas Básicas, com média 74,79, seguida de Fundamentos do Bem-Estar (65,02). Já a dimensão Oportunidades, que mede inclusão social, acesso à educação superior e respeito a direitos, teve o pior desempenho: 46,07.
Entre os componentes do índice, Moradia obteve a maior média nacional (87,74), enquanto Direitos Individuais (32,41), Educação Superior (47,39) e Inclusão Social (47,21) ficaram entre os mais baixos. Os piores indicadores estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste, com destaque negativo para o componente Qualidade do Meio Ambiente na Amazônia Legal, impactado pelo desmatamento e emissões de gases de efeito estufa. Curiosamente, o relatório também aponta que regiões mais desenvolvidas economicamente, como Sul e Sudeste, apresentam fragilidades em Saúde e Bem-Estar, com altas taxas de obesidade, suicídios e consumo de alimentos ultraprocessados.
Figura 1. Mapa dos resultados do IPS Brasil 2025
No site do IPS Brasil, é possível analisar o perfil detalhado de todos os municípios, identificando em quais áreas cada um se destaca e onde há necessidade de melhorias. A plataforma também permite comparar municípios que estão na mesma faixa de PIB per capita, área e população, oferecendo uma ferramenta poderosa para gestores públicos, investidores sociais e a sociedade em geral entenderem melhor as dinâmicas de desenvolvimento local e planejarem ações mais eficazes para promover o progresso social e ambiental.
Acesse o site do IPS e confira o perfil de todos os municípios brasileiros: ipsbrasil.org.br
O que o IPS Brasil 2025 avalia
O Progresso Social foi definido por um grupo de especialistas acadêmicos e sintetizado pelo SPI como “a capacidade da sociedade em satisfazer as necessidades humanas básicas, estabelecer as estruturas que garantam qualidade de vida aos cidadãos e dar oportunidades para que todos os indivíduos possam atingir seu potencial máximo”.
A partir desse conceito, o IPS Brasil 2025 é formulado com base em 57 indicadores divididos em três dimensões: Necessidades Humanas Básicas; Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades.
Desenvolvido através de uma parceria entre o Imazon, Fundação Avina, iniciativa Amazônia 2030, Anattá, Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative., o IPS Brasil é baseado exclusivamente em dados públicos e atualizado anualmente. A ferramenta permite acompanhar tendências e medir a efetividade de políticas públicas em tempo real.
A construção do IPS Brasil 2025 segue uma metodologia rigorosa baseada no padrão internacional do índice. A escolha dos 57 indicadores usados no cálculo obedece a critérios como relevância social ou ambiental, foco em resultados, uso de dados públicos e confiáveis, atualizados e disponíveis para, pelo menos, 95% dos municípios do país. Cada dado passa por uma modelagem estatística detalhada, que inclui normalização, verificação de qualidade, definição de valores de referência e aplicação de pesos definidos por Análise de Componentes Principais (ACP). O resultado final é um índice que varia de zero (pior cenário) a 100 (melhor cenário), refletindo a média simples dos desempenhos nas três dimensões do progresso social. As fontes utilizadas vão de bases consolidadas como DataSUS, CadÚnico e Anatel até iniciativas como o MapBiomas e o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde.
Diferentemente de índices econômicos como o PIB (Produto Interno Bruto) e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o IPS mede diretamente resultados sociais e ambientais, funcionando como bússola para gestores públicos, investidores sociais e organizações da sociedade civil. “O IPS permite visualizar desigualdades que não são explicadas apenas por indicadores econômicos. Municípios com PIB semelhante apresentam, muitas vezes, desempenhos muito distintos no índice, o que reforça a importância de políticas públicas voltadas ao bem-estar social de forma integrada. Com o IPS, é possível identificar onde as políticas públicas estão funcionando e onde é necessário intervir com mais urgência. Ele transforma dados complexos em um retrato claro e comparável entre municípios e estados”, afirma Melissa Wilm, coordenadora do IPS Brasil.
A edição 2025 traz uma atualização importante no seu conjunto de dados: foram incluídos novos indicadores que enriquecem o diagnóstico territorial: Consumo de Alimentos Ultraprocessados, Resposta ao Benefício Previdenciário, Resposta a Processos Familiares, Índice de Vulnerabilidade das Famílias e Famílias em Situação de Rua.
Principais resultados
A produção do IPS Brasil 2025 contou com apoio técnico e institucional de uma ampla rede de instituições comprometidas com o desenvolvimento sustentável do país. Contribuíram para essa edição Centro de Empreendedorismo da Amazônia (CEA), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eneva, especialistas independentes, Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Hydro, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto Floresta Viva, Instituto Igarapé, Instituto Itaúsa, Instituto Soberania e Clima (iCS), MapBiomas Brasil, Ministério Público Federal (MPF), Not Another Boring Company, O Mundo que Queremos, Projeto Saúde e Alegria, Social Progress Imperative, Universidade de São Paulo (USP) e Vale.