Fatos da Amazônia: Meio Ambiente e uso do solo

O relatório “Fatos da Amazônia: Meio Ambiente e uso do solo” sintetiza as principais informações sobre recursos naturais da Amazônia Legal a partir de dados secundários de diversas instituições públicas, de pesquisa e da sociedade civil.

Este documento também aborda o conteúdo dos estudos do Projeto Amazônia 2030 relacionados a florestas, uso da terra e produtos sustentáveis da Amazônia. Todos esses dados foram atualizados em relação ao relatório Fatos da Amazônia 2021.

O bioma Amazônia, com 4,2 milhões de km2, é definido como um “conjunto de ecorregiões, fauna, flora e dinâmicas e processos ecológicos similares” composto por florestas tropicais úmidas, extensa rede hidrográfica e enorme biodiversidade. O bioma Amazônia representa 48% do território nacional.

Já a Amazônia Legal, com aproximadamente 5 milhões de km2, inclui toda a área do bioma Amazônia, além de parte do bioma Cerrado e Pantanal. Ela abrange todos os estados da Região Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), Mato Grosso e parte do Maranhão. A Amazônia Legal representa 59% do território nacional. Os fatos apresentados neste relatório estão organizados em quase sua totalidade no escopo geográfico da Amazônia Legal.

A população da Amazônia Legal aumentou de 8,2 milhões em 1972 para 28,3 milhões de habitantes em 2021, o que representa 13% da população brasileira. A densidade demográfica na região ainda é baixa: 5,7 habitantes por km². Em relação aos estados, o Pará é o mais populoso, com 8,8 milhões de habitantes, seguido do Maranhão (5,9 milhões). Por outro lado, o Amapá (877 mil) e Roraima (652 mil) são os estados menos populosos na região. O Produto Interno Bruto (PIB)Real da Amazônia Legal totalizou R$ 650 bilhões em 2019, o que representa apenas 8,8% do PIB brasileiro.

O desmatamento atingiu 830.429 km² até 2021, ou uma perda de cerca de 21% da área total original da floresta (Prodes, Inpe). Em 2021, a cobertura vegetal dessa região distribuía-se em floresta nativa (63%) e vegetação nativa não florestal (19%). O restante da área (2%) é composto pela rede hidrográfica de rios e lagos.Fatos da Amazônia: Meio Ambiente e uso do solo

A Amazônia Legal possui 41,6% do território composto por Áreas Protegidas. Essas áreas distribuem-se em Unidades de Conservação (UCs) de Uso Sustentável (11%), UCs de Proteção Integral (8%) e Terras Indígenas (TIs) (23%). Além disso, 0,19% da região está destinada como Terras Quilombolas (TQs), 21% do território é ocupado por imóveis privados, 8% somam assentamentos rurais e 0,5% refere-se a áreas militares. Por fim, os 20,3% restantes representam outras áreas sobretudo terras devolutas.

Um total de 1,6 milhão de focos de calor foram detectados em toda a Amazônia Legal entre 2010 e 2021. Desse total, 495 mil focos ocorreram em áreas florestais, 378 mil em áreas não florestais e 684 mil em áreas desmatadas. Os anos com maiores focos de calor nesse período foram 2010 (216 mil focos) e 2020 (173 mil focos).

Em 2020, as emissões totais de Gases de Efeito Estufa (GEE) atingiram 1,1 Gt de CO2e na Amazônia Legal. Desse total, 0,9 Gt de CO2e emitidos pertenciam à classe de mudança no uso da terra, a qual abrange principalmente desmatamento e queimadas. Além disso, a participação das emissões da Amazônia Legal no total do Brasil subiram de 39% em 2010 para 52% em 2020.

A área agrícola plantada na Amazônia Legal aumentou expressivamente, passando de 8,5 milhões de ha em 2000 para 23,4 milhões de ha em 2020 (Pesquisa Agrícola Municipal /IBGE). O valor de produção total desse setor aumentou de apenas R$ 6,4 bilhões em 2000 para R$ 117,2 bilhões em 2020. Nesse último ano, o Mato Grosso possuía 74% da área agrícola da Amazônia Legal.

Entre as culturas permanentes, a produção de açaí foi a mais relevante em 2020 com 220 mil ha de áreas plantadas e um valor de produção igual a R$ 4,7 bilhões seguida do cacau em amêndoas com 161 mil ha para R$ 1,8 bilhão em valor de produção. No total, essas culturas geraram R$ 10,8 bilhões em valor de produção na Amazônia Legal em 2020.


A soja em grão é a cultura agrícola temporária mais importante na região. Em 2020, ela gerou uma receita de R$ 57,8 bilhões e atingiu área plantada de 12,9 milhões de ha na Amazônia Legal. Outras lavouras temporárias importantes são o milho (R$ 23,4 bilhões), o algodão (R$ 13,3 bilhões) e a mandioca (R$ 4,7 bilhões).
A pecuária na Amazônia Legal possuía um rebanho bovino de 93 milhões de cabeças de gado em 2020. Os maiores rebanhos estavam em Mato Grosso (32,7 milhões) e no Pará (22,3 milhões). A área de pastagem atingiu 71,5 milhões de ha em 2020, enquanto a área de agricultura ocupou 17 milhões de ha.

Entre 2010 e 2020, a extração de madeira nativa somada alcançou 126,2 milhões de m³ em tora produzidos. Isso gerou um valor de produção igual a R$ 20,5 bilhões nesse período. Em 2020, essa exploração caiu em relação aos anos anteriores com uma extração anual de 10,5 milhões de m³ de madeira em tora e um valor bruto de R$ 1,8 bilhão. Por sua vez, o setor de florestas plantadas (papel, madeira) gerou uma receita bruta de R$ 1,1 bilhão.

Os Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) – que incluem uma gama de produtos como óleos, frutos, sementes, folhas, raízes, cascas e resinas – somaram R$ 941 milhões em 2020. Desse total, os PFNMs de valor alimentício respondiam por 89,5%. O açaí nativo (Euterpe oleracea) tinha maior participação em valor seguido da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa).

Por fim, em relação à restauração florestal, até 2019, havia um total de 7,2 milhões de ha de vegetação secundária com mais de seis anos. Se não houver supressão dessa vegetação, a sucessão ecológica possibilitará a transição para uma floresta secundária e em seguida para uma floresta madura com biomassa e estrutura similar à floresta original

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