Fatos da Amazônia – 2024

A Amazônia é uma região de dimensão continental com múltiplas formas de ser dividida e interpretada. Compreendendo uma vasta área, pode ser entendida como uma região internacional (Pan-Amazônia), uma região dentro do território brasileiro (Amazônia Legal), um bioma brasileiro (bioma Amazônia), uma bacia hidrográfica (bacia amazônica), macrozonas baseadas na cobertura vegetal remanescente (as cinco Amazônias), além de outras formas derivadas de sua diversidade biológica e cultural. O relatório “Fatos da Amazônia – 2024” sintetiza informações econômicas, sociais e ambientais recentes da Amazônia Legal.

A Pan-Amazônia abrange aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados, compostos por florestas, cerrados e campos naturais, distribuídos por nove países da América do Sul, incluindo o Brasil, que detém 62% desse território. O restante está distribuído entre Peru (11%), Bolívia (8%), Colômbia (6%), Venezuela (6%) e Equador, Guiana, Guiana Francesa e Suriname (7%). A população da Pan-Amazônia está estimada em 47,6 milhões de habitantes.

No Brasil, dois principais territórios geográficos se destacam na região: o Bioma Amazônia e a Amazônia Legal. O Bioma Amazônia, definido como um conjunto de ecorregiões, fauna, flora e dinâmicas e processos ecológicos similares, possui 4,2 milhões de quilômetros quadrados de florestas tropicais úmidas, extensa rede hidrográfica e uma enorme biodiversidade, representando 48% do território nacional.

A Amazônia Legal, com aproximadamente 5 milhões de quilômetros quadrados, inclui toda a área do Bioma Amazônia, além de parte dos biomas Cerrado e Pantanal. Abrange todos os estados da Região Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), Mato Grosso e parte do Maranhão, representando 59% do território nacional.

O projeto Amazônia 2030 desenvolveu o conceito das cinco Amazônias, que divide a Amazônia Legal em cinco zonas baseadas na cobertura vegetal remanescente: florestal, florestal sob pressão, desmatada, não florestal (Cerrado e Pantanal) e urbana.

Segundo o projeto Prodes do Inpe, o desmatamento na região atingiu 850.827 quilômetros quadrados até 2023, ou 16,2% da área total da Amazônia Legal. Considerando apenas a área de floresta nativa do Bioma Amazônia, o desmatamento atingiu 21% da cobertura florestal original. Entre 2010 e 2023, foram detectados 1,8 milhão de focos de calor na Amazônia Legal, sendo 143.066 apenas em 2023. As maiores quantidades ocorreram no Pará (48.457 focos) e Mato Grosso (25.135 focos).

As emissões totais de Gases de Efeito Estufa (GEE) na Amazônia Legal em 2022 atingiram mais de 1,2 bilhão de toneladas de CO2e, com emissões líquidas de 729,6 milhões de toneladas de CO2e, sendo 76% relacionadas à mudança no uso da terra (principalmente desmatamento e queimadas).

A produção de cacau em amêndoas, açaí e castanha-do-brasil na Amazônia atingiu valores significativos em 2022, com destaque para o açaí, que alcançou R$ 6,9 bilhões. O rebanho bovino na região atingiu 103,8 milhões de cabeças em 2022, com as maiores concentrações em Mato Grosso (34,2 milhões), Pará (24,8 milhões) e Rondônia (17,7 milhões).

Os garimpos ilegais, que geram graves impactos ambientais e sociais, atingiram 241.019 hectares em 2022, concentrando-se em regiões como o rio Tapajós e a Terra Indígena Yanomami.

A superfície de água na Amazônia Legal aumentou 10,3% em 2022, atingindo 11,9 milhões de hectares, um aumento associado ao regime de chuvas intensificado por fenômenos extremos como a La Niña.

A população da Amazônia Legal cresceu de 7,1 milhões em 1970 para 26,7 milhões em 2022, representando 13% da população brasileira. O Produto Interno Bruto (PIB) Real da região totalizou R$ 916,9 bilhões em 2021, apenas 10% do PIB do Brasil. No entanto, 46,2% da população da Amazônia Legal vivia em situação de pobreza em 2022.

As cidades amazônicas, que abrigam 76% da população da região, enfrentam desafios urbanos significativos, incluindo padrões urbanísticos irregulares e um déficit na oferta de serviços de saneamento. A taxa de homicídios na região, embora em declínio desde 2017, ainda é muito superior à média nacional, com 34 assassinatos por 100 mil habitantes em 2022.