Em sete anos, entre 2012 e 2019, a Amazônia Legal viu disparar o número de profissionais de segurança e saúde empregados pelo Estado. Uma nova análise, conduzida por pesquisadores do projeto Amazônia 2030, mostra que, em menos de uma década, o setor público na região cresceu: uma alta de 21% no número de pessoas contratadas. Hoje, o Estado é o segundo maior empregador da Amazônia. A alta foi protagonizada pela contratação de policiais, bombeiros, profissionais das forças armadas, médicos, paramédicos e enfermeiros — dentre outros profissionais de saúde.
As conclusões são parte do relatório “Dinamismo de emprego e renda na Amazônia Legal: setor público”. O documento é o segundo de uma série destinada a examinar como se comportaram os empregos e os salários na Amazônia — quais ocupações empregaram mais, e quais mais demitiram — durante o período analisado. A pesquisa é conduzida pelos economistas Gustavo Gonzaga, Francisco Cavalcanti e Flávia Alfenas, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Numa análise anterior, publicada no início de 2021, a equipe já havia demonstrado como os estados da Amazônia Legal empregam, proporcionalmente, mais pessoas no setor público quando comparados ao restante do país: 9,1% dos profissionais empregados na região trabalham para o Estado, ante 8% no restante do Brasil.
O novo relatório mostra que esse grupo de trabalhadores cresce ano a ano. Entre 2012 e 2019, a categoria de policiais, bombeiros e forças armadas cresceu 45,6% — o equivalente a 31821 novas contratações. Algo semelhante aconteceu com os profissionais de saúde contratados pelo setor público: crescimento de 40,7%, ou mais de 100 mil novas contratações.
Em terceiro lugar aparecem os profissionais de educação. Eles compõem a categoria mais numerosa dentre os profissionais contratados pelo Estado: são quase 520 mil profissionais. Mas seu avanço em anos recentes foi mais tímido: 8,3%, ou quase 40 mil novos contratados.
Dinamismo do setor público
Os dados, dizem os pesquisadores, soam alguns alertas importantes. De um lado, há uma aparente boa notícia: “O trabalho traz pistas de que houve um aumento expressivo na capacidade do governo. É uma condição necessária mas não suficiente para a melhoria dos serviços públicos “, afirma Juliano Assunção, diretor executivo da Climate Policy Initiative (CPI) Brasil e um dos coordenadores do Amazônia 2030.
De outro lado, há motivos para preocupação. A preponderância do setor público no mercado de trabalho da Amazônia é um indício de que o setor privado encontra dificuldades para crescer e gerar empregos. Por fim, o crescimento acentuado do emprego público levanta dúvidas sobre a capacidade de o Estado sustentar avanço semelhante pelos próximos anos.
Autores: Gustavo Gonzaga, Francisco Cavalcanti e Flávia Alfenas
Digital Object Identifier (DOI): http://doi.org/10.59346/report.amazonia2030.202110.ed13.puc