A pecuária bovina na Amazônia Legal abrange mais de 75 milhões de hectares, porém, 54% dos pastos (40 milhões de hectares) se encontram com algum grau de degradação, está área equivale a duas vezes o território do Paraná. Um panorama que revela uma preocupante realidade, uma imensa área mal utilizada e que não se reflete em qualidade de vida e indicadores socioeconômicos para a região.
Neste estudo, os pesquisadores Paulo Barreto, Ritaumaria Pereira e Arthur José da Silva Rocha, investigam como a ineficiência no uso da terra reflete em baixos indicadores socioeconômicos e quais políticas podem gerar mais produtividade, melhorar a qualidade de vida e também promover a conservação da Amazônia Legal.
Segundo o estudo, o rendimento médio dos trabalhadores da pecuária é 34% inferior à média salarial da região. Segundo os pesquisadores, mesmo diante de tecnologias e crédito rural disponíveis para impulsionar uma pecuária mais produtiva, o desperdício persiste devido a políticas que incentivam o desmatamento e à escassez de fatores essenciais para promover o uso sustentável da terra.
Nesse contexto, um o estudo recomenda políticas que visem tornar a pecuária mais produtiva, almejando benefícios socioeconômicos e a redução do impacto ambiental. Como a necessidade crucial de assegurar a execução efetiva do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM), uma iniciativa fundamental para induzir a adoção de práticas mais produtivas.
O estudo aponta que para efetivamente aumentar a produtividade, os fazendeiros precisam aprimorar o cultivo e manejo dos pastos, bem como o cuidado sanitário dos animais, além de investir no treinamento de pessoal. Adotar essas práticas pode elevar a produtividade média do gado bovino de 80 kg/hectare/ano para 300 kg por hectare/ano, gerando ganhos significativos.
O governo, por sua vez, precisa direcionar políticas que facilitem e acelerem a adoção dessas melhores práticas na pecuária. A análise recomenda ainda a concentração de esforços nas zonas próximas aos frigoríficos, uma vez que fazendeiros nessas áreas demonstram maior propensão a adotar inovações. O crédito rural e outros fatores essenciais, como assistência técnica e educação, devem ser focalizados nessas regiões, visando uma reforma significativa de 15 milhões de hectares de pastos degradados em até cinco anos.
Principais Recomendações:
- Concentração de Incentivos: os produtores próximos aos mercados são mais propensos a adotar inovações. O estudo recomenda concentrar incentivos próximo aos polos de comercialização, acelerando ganhos de produtividade.
- Educação e Assistência Técnica: investir em educação rural é crucial. O governo deve incluir o Ministério da Educação no Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas. A assistência técnica deve incluir acompanhamento contínuo.
- Crédito Rural Focado: Priorizar o crédito rural para melhorias nos pastos é essencial. Em 2023, o Governo Federal instituiu o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, visando recuperar 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade.
- Melhoria da Infraestrutura: Investir na manutenção de estradas, acesso à energia e comunicação nas regiões próximas aos frigoríficos é fundamental para facilitar a adoção de tecnologias produtivas.
- Combate à Especulação Fundiária: A efetiva cobrança do Imposto Territorial sobre a Propriedade Rural (ITR) pode incentivar o aumento da produtividade. Recomendamos atualizar índices de produtividade e utilizar dados de mercado para evitar reduções injustificadas nos valores.
- Apoio à Restauração Florestal: Aumentar a produtividade permitirá liberar 37 milhões de hectares de terras. Recomendamos priorizar a regularização fundiária e concessões de terras públicas para projetos de restauração florestal.
A adoção dessas recomendações pode não apenas aumentar a produtividade da pecuária, mas também gerar benefícios socioeconômicos e ambientais significativos .